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Há quem acredite que pessoas podem ser tão iluminadas ao ponto de tornarem-se consagradas pelos deuses. Se no cristianismo alguém pode se tornar santo a partir do reconhecimento de um milagre, na Umbanda Maria Conga se tornou sagrada por defender seu povo. Vinda da África, escravizada, alforriada e chefe de um quilombo em Magé, lutou por sua raça até o último dia de sua vida, o mesmo dia em que se tornou imortal.

Maria Conga, Maria do Congo ou Maria da Conceição, como foi batizada após ser escravizada. Uma negra que teria nascido na África, mais especificamente no Congo, como destacado em seu nome, por volta de 1792. Filha de um rei do país, ainda antes de completar seus 10 anos, ela e sua família foram retirados de sua terra e embarcaram em um navio negreiro para a viagem que os trouxe até a Bahia, por volta de 1804.

Em 1810, já com seus 18 anos de idade, Maria teria sido vendida para um senhor de engenho da cidade de Magé, região da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. Aos 24 foi novamente comercializada, comprada pelo Conde alemão Ferndy Von Scoilde, por quem foi escraviza por mais 11 anos.

A princesa teria conquistado sua alforria aos 35 anos e fundou pouco tempo depois o Quilombo Maria Conga, que ainda hoje resiste no bairro de Vila Esperança, em Magé. Maria foi conhecida por proteger e cuidar de negros e negras que fugiam do açoite nas senzalas e fazendas, ofício ao qual se dedicou durante todos os anos de sua vida após a criação do quilombo.

Historiadores que relaram a existência da princesa acreditam que ela nunca foi capturada e morreu de velhice por volta dos 90 anos, em seu quilombo. Foi na mesma terra em que protegeu tantos da sua raça que Vovó Maria Conga, como é conhecida na Umbanda, se tornou sagrada.

A crença umbandista acredita que, após sua morte, Maria Conga foi consagrada no reino das almas e se tornou um espirito de luz da falange das pretas-velhas. Hoje a princesa é mais conhecida pelos seus feitos no mundo espiritual do que no plano terreno.

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